O dia 12 de abril, é uma sexta-feira marcada pela misericórdia, uma tarde cheia de emoções, ritmada pelo abraço do Papa Francisco a pessoas que, dia após dia, perdem a memória e a vida. Neste dia especial, encaixado entre o Calvário da doença e a esperança da Páscoa, as luzes mais fortes são as que acompanham a alegre surpresa dos residentes do “Villaggio Emanuele”. Para os moradores desta estrutura residencial, que sofrem da doença neurodegenerativa de Alzheimer, que destrói a mente e as recordações, o encontro com Francisco foi revigorante. O Papa é uma nesga de luz na memória, seu rosto é familiar e está pronto para ser acolhido com um sorriso cristalino, como o de uma criança.
Entre alegria e maravilha
Na sua chegada, o Papa desceu do carro no pátio da estrutura, incrédulos, os pacientes aproximaram-se de Francisco para cumprimentá-lo e receberam uma palavra de conforto. A presença do Papa foi vivida como um verdadeiro momento de alegria. Em seguida o Papa visitou várias partes do “Villaggio”. Alguns internos, que descansavam em seus quartos, trocaram algumas frases com Francisco. Outros que se dedicavam a atividades recreativas, tentaram explicar ao Papa seus compromissos diários. No final da visita, o Santo Padre deixou de presente um pergaminho com um pensamento escrito a mão, junto com um belo quadro que representa a Natividade.
Pequena aldeia com sabor de família
O “Villaggio Emanuele” é uma cidadezinha na periferia de Roma, dentro do Parque Sabina, que abriga 100 habitantes com 14 casinhas coloridas, uma praça com um chafariz, um bar, um restaurante, uma ludoteca. Também há serviços como cabeleireiros, academia e mini-mercado. Abriga gratuitamente pessoas com a doença de Alzheimer em fase leve e moderada e é o primeiro centro italiano dedicado às pessoas “sem memória”. É fruto de um projeto financiado pela “Fondazione Roma” e ligado a uma iniciativa sem nenhum custo por parte do Estado e outras entidades públicas. Foi criado pelo advogado Emmanuele Francesco Maria Emanuele, que se inspirou em um centro holandês perto de Amsterdã para oferecer aos doentes com Alzheimer assistência e hospitalidade em um contexto familiar. Em cada uma das unidades é garantida a presença de agentes comunitários de saúde e assistentes sociais. As casas-famílias, formadas por pequenos grupos de residentes, têm cerca de 250 metros quadrados e providas de barreiras arquitetônicas.
Recordação e proximidade
No dia 21 de setembro de 2016, foi celebrado o 23º Dia Mundial da Doença de Alzheimer, com o tema “Recorda-te de mim”. Na ocasião, durante a audiência geral o Papa Francisco lançou um caloroso apelo: “Convido todos os presentes a ‘recordar-se’, com a solicitude de Maria e a ternura de Jesus Misericordioso, de quantos sofrem desta enfermidade e dos seus familiares, para que sintam a nossa proximidade. Oremos também pelas pessoas que estão ao lado dos doentes, para que saibam sentir as suas necessidades, até as mais imperceptíveis, porque vistas com olhos cheios de amor”.
Doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência. É uma doença degenerativa incurável. Provoca a destruição dos neurônios em algumas partes do cérebro e uma progressiva diminuição das funções cognitivas. Afeta a memória com efeitos sempre mais graves, a linguagem e o comportamento. Um diagnóstico precoce permite prevenir complicações e a aceleração da doença. No mundo, a cada 3 segundos uma pessoa desenvolve uma forma de demência. Em nível global, a demência atinge 47 milhões de pessoas.