“O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo” (Mateus 13,24).
Aquilo que é de Deus fica, aquilo que não é de Deus passa.
Deus seja louvado porque ele está nos concedendo uma nova oportunidade de continuar a cumprir com a nossa missão na terra. Nós estamos espiritualmente, celebrando a 16ª Semana do Tempo comum, a Igreja vestida de verde assinalando para a humanidade que o Senhor está nos alimentando com o dom da Esperança.
Esperança da gente poder contribuir com a obra Dele nesse mundo. Partindo da nossa família, que é o primeiro espaço, nós chamamos de Igreja doméstica, é lá ao redor da nossa primeira mesa, que a gente faz a experiência do amor de Deus. É lá que a gente aprende a amar, a ser amado, a perdoar, a ser perdoado, a recomeçar o caminho, é da Igreja doméstica.
Partindo da nossa casa, a gente continua a construir a partir da esperança um mundo melhor na sociedade com os outros irmãos que vão passando no nosso caminho, irmãos, colegas de trabalho, pessoas que vão se relacionando conosco e a gente vai então levando essa experiência dentro da nossa casa a outros irmãos que estão fora. Essa experiência de viver a esperança é que faz a gente ser um bom cristão, uma boa cristã. A partir dessa ideia então, construirmos um mundo, a partir da esperança, nós hoje vamos ser alimentados pela palavra de Deus com um conjunto de parábolas, já falei no domingo passado, mas acredito que os irmãos devem lembrar, que Jesus tinha pressa em apresentar à Humanidade o verdadeiro rosto do nosso Pai.
Até a encarnação de Jesus o ser humano, se relacionava com Deus, muitas vezes por medo, ou achando que Ele era um Senhor dos exércitos, ou seja, só fica do lado de quem é vencedor, o fraco, o fragilizado, Deus vira as costas, e aí Jesus encarnado vem dizer: Não, o meu Pai que é o vosso Pai, Ele é amor, Ele é misericórdia, Ele está se agachando àquele que é pequeno, aquele que está sendo muitas vezes maltratado, esses são os bem-aventurados. E aí, Jesus tinha pressa de apresentar esse rosto misericordioso do Pai, então Ele não ia usar, principalmente naquele momento, discursos rebuscados, palavras difíceis até porque Ele não estava falando para os Doutores da Lei, nem diretamente para os Fariseus, muito menos para o Imperador de Roma, Ele estava falando para coxos, cegos, leprosos, prostitutas, paralíticos, pessoas que eram sofredoras, porque o ser humano havia virado as costas. Então ele precisava falar de forma muitos simples, e um recurso que Jesus usava muito bem eram as parábolas.
Parábola é uma novelinha, uma novela que Jesus criava com muita sabedoria para que as pessoas fossem acompanhando a história e fossem se colocando dentro da história e no final da parábola cada pessoa que estava ali ouvindo o seu discurso pudesse então, tirar uma conclusão para a sua vida. Nenhuma parábola está fechada, porque cada uma vai tirar uma resposta para sua vida. Entre tantas parábolas hoje nós ouvimos uma que se divide em três. Jesus num certo momento começa a explicar para a multidão, o que é o Reino dos Céus. Até então, as pessoas e nós, conhecemos os Reinos da Terra, um Rei da Itália, um Rei da França, um Rei de Roma e muitas vezes esses reinados são verdadeiras decepções, porque são homens que tiram do povo o seu sustento, olham só para as suas famílias e não vamos muito longe, são os nossos governantes.
Agora, o Reino dos Céus, Jesus queria apresentar ao povo de uma forma muito diferente dos reinos da Terra, aí Ele começa a comparar pra que as pessoas entendam essa realidade que está presente, mas que não é muitas vezes compreendida. O que é o Reino dos Céus? É algo entre o JÁ e o AINDA NÃO. Vamos gravar isso. O que é o Reino dos Céus Padre? É aquilo que já está, ele já está aqui entre nós, a gente percebe o Reino dos Céus, em cada ato de luz, em cada ato de bondade que nós realizamos, quando a gente pratica o bem o Reino dos Céus está visível, ao mesmo tempo, AINDA NÃO, porque? Porque infelizmente entre nós, seres humanos, ainda existe muita gente que ainda não faz o bem, ainda tem muita gente com liberdade com livre arbítrio que opta pelo inimigo, pelo mal, pela destruição, pela perseguição, por causar dor da vida do outro. O JÁ e o AINDA NÃO, é o Reino dos Céus, que vai acontecer plenamente no final dos últimos tempos, no Paraíso, que nós chamamos casa de Deus, eternidade.
Jesus começa a explicar pra nós, Ele começa a dizer: o Reino dos Céus gente, já que vocês ainda não entendem muito, é como alguém que semeou uma semente boa, não foi semente de má qualidade não, foi a melhor que tinha, ele semeou, e aí foi descansar, porque ele tinha trabalhado, e ao passar do tempo, começa a nascer o trigo, mas também, no meio do caminho alguém que talvez não gostasse desse semeador, jogou escondido sementes de joio, para quem conhece o joio, ele não serve pra nada, nem os animais comem, só serve pra ser queimado, pra virar palha, mas ele é muito parecido, bem próximo do trigo, ele se confunde até com a espiga de trigo.
E Jesus começa a contar essa história, e os funcionários alertaram o semeador, o dono da propriedade e dizem: olha, o senhor plantou das melhores sementes de trigo, mas como é que agora começam a nascer o joio também? Então, antes de nascer Senhor, permita a gente arrancar tudo o que é joio, vai ficar só o trigo. O dono da propriedade, o Semeador, ele concordou com essa ideia? Não. A sabedoria de Jesus vai nos levar então ao entendimento, calma, prudência, tenha calma, tudo no tempo de Deus. Muitas vezes a gente quer rapidamente corrigir os nossos erros e gera mais erro, essa é a questão, temos que esperar também o tempo de Deus para que ele vá clareando as melhores soluções para corrigir o que está errado na nossa vida.
O tempo de Deus a gente não entende ele existe, mas ele é pedagógico, ele vai corrigindo, ele corrige muitas coisas entre nós. E a proposta do semeador: Deixa crescer, deixa crescer o trigo, deixa crescer o joio, e quando a gente tiver agora distinção, o que é trigo? O que é realmente bondade? O que é luz? Mas também distinguir aquilo que é maldade entre nós, aquilo que é trevas, aí você corta, você tira, você ceifa aquilo que leva sofrimento à tua vida. Enquanto está crescendo calma, deixa o tempo de Deus variar, deixa o tempo de Deus te mostrar o que não é Dele, porque aquilo que é Dele vai ficar, aquilo que é trigo vai permanecer. Aquilo que não é de Deus, passa.
Queria que vocês gravassem esse pensamento bonito: Aquilo que é de Deus fica, aquilo que não é de Deus passa. É assim, para toda a criação de Deus é assim, porque ele não jogou semente podre, Ele não criou os filhos dele para a podridão, ele gerou sementes maravilhosas para nós reproduzimos a vida e multiplicarmos em frutos, cada um de nós. Somos uma semente belíssima para podermos frutificar em nome dele.
Jesus continua e ele conta uma segunda parábola, o Reino dos Céus também é parecido com uma semente de mostarda, muito provavelmente, eu acredito, que ele estava ali falando com a multidão e entre a multidão devia ter muita gente do campo, da roça, por isso que ele usou essa linguagem tão bonita da roça, da agricultura para que o povo entendesse logo, e ele passa para segunda historinha, ele conta olha: O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda, se alguém já comprou mostarda ela é bem pequenininha , porém quando é bem semeada, ela cresce, ela se torna uma grande hortaliça, a ponto de ter tantos ramos que até os pássaros do céu vão habitar nela.
Como pode uma semente tão “pirrototinha” se tornar algo tão grande, capaz ainda de abrigar os pássaros. Jesus está dizendo: assim é o Reino de Deus no mundo, ele parece que é quase invisível, as vezes a gente nem percebe, tantas coisas acontecem em nossas vidas e a gente acha que Deus não está nem aí para gente, virando as costas. Deus está agindo constantemente em todos os segundos da nossa vida, no oculto, no silêncio, Deus agindo constantemente a favor de nós, e aí Jesus compara, essa semente cresce, se torna algo grandioso, somos nós, aqueles que se deixarem ser levados por Deus, vamos realmente prosperar, crescer e ainda gerar vida para outros.
Jesus continua e conta uma terceira parábola, para fechar a explicação que tinha esse Reino dos Céus do JÁ e do AINDA NÃO. Ele fala assim: É igual ao fermento, uma mulher que pega a farinha de trigo, quem gosta de cozinhar sabe muito bem, o efeito do fermento, quanto mais você mistura o fermento, mais você vai ter a multiplicação daquela massa, o Reino dos Céus é assim, quanto mais nós nos misturarmos com Deus, quanto mais nós buscarmos as coisas de Deus nesse mundo, quanto mais nós insistirmos de estarmos do lado do bem, mais a vida vai crescer, mais a vida vai prosperar, mais a gente vai ter mais resultados na massa que é a missão de cada um de nós.
Então Jesus conta essas 03 historinhas pra ajudar gente compreender o que é o Reino dos Céus? É aquilo que já está entre nós. É o trigo sendo distinto do joio, é a semente de mostarda que muitas vezes é imperceptível mas Deus está aí fazendo coisas maravilhosas e a gente não percebe e é o fermento, multiplicando, gerando em nós, coisas que nós nem percebemos, mas que é fruto desde a nossa encarnação até o fim da nossa missão, Ele movimentando a nossa vida e fazendo a massa da nossa vida crescer, evoluir.
Peçamos a Deus então que nos ajude a compreender esse JÁ e esse AINDA NÃO. JÁ, porque ele está aqui entre nós, JÁ, porque quando nós optamos por ele, geramos frutos e o AINDA NÃO, porque infelizmente existem semeadores do joio, pessoas que não querem bem as outras, pessoas que maltratam, machucam, pessoas que desejam a morte do semelhante, que esse inimigo não tenha mais força do que Deus na nossa vida.
Padre Jackson Frota,sss