Celebração da Fé 04/08/2020 – Áudio Pe. Jackson Frota, sss

Celebração da Fé 04/08/2020 – Áudio Pe. Jackson Frota, sss

“Não é o que entra pela boca que torna o homem impuro, mas o que sai da boca, isso é que torna o homem impuro” (Mateus 15,11).

“Querido irmão querido irmã, nesse dia em que a Igreja nos convida a contemplar o Mistério de Jesus Cristo no testemunho, na vida e no sacerdócio e São Cura d’Ars , queremos agradecer a Deus, porque a lógica Dele é muito diferente da lógica humana, quando muitas vezes nós valorizamos aqueles que têm o poder intelectual, o poder financeiro, poder da autoridade e menosprezamos os pequenos, os mais simples, ou aqueles que nós julgamos não ter nenhum valor para a sociedade, aí vem Deus e mostra o contrário, ele chama os humildes, capacita e faz deles instrumentos para mostrar o seu poder transformador aos demais que são soberbos de coração.

Aqui, retratamos hoje a pessoa de São João Maria Vianney, que uma vez nascendo na França, cursando o seminário, era considerado do baixo Clero, era considerado uma pessoa com dificuldade de estudo, de assimilação, de pregação e a Igreja o manda para pequena cidadezinha de Ars, bem distante, quase que como que uma zona rural, bastante prejudicada economicamente e bastante atrasada no seu contexto histórico social e cultural. Mas nem por isso Deus deixou de desenvolver seu plano na pessoa e João Maria Vianney, seu nome natural.

O capacitou a ponto de ser um grande conselheiro, a ponto dos Reis, de autoridades Eclesiásticas e de todo o povo, fazer filas para ouvir a sua palavra e para acolher os seus ensinamentos e conselhos, a ponto do próprio Papa Pio XI assim o elevar nos altares da Igreja como padroeiro dos nossos padres, principalmente aqueles que assumem as funções ordinárias de uma Paróquia, os nossos párocos.

É para mostrar o poder transformador de Deus, capaz de tirar do trono, os soberbos de coração aqueles que se acham mais poderosos do que os outros.

O simples João Maria Vianney que talvez, se não fosse a graça Divina, nunca tivesse se tornado um sacerdote da Igreja do Senhor, pelas dificuldades intelectuais impostos naquele tempo, e se tornou o padroeiro de todos os padres, de todos os párocos. Esse bom exemplo hoje, a igreja nos coloca para gente pensar um pouquinho na nossa humildade, ao mesmo tempo na controvérsia da soberba, da arrogância, do autoritarismo, os humildes entrarão no Reino dos Céus.

Ser humilde não significa ser bobo, não ser conivente com as coisas erradas do outro, não é isso. A humildade evangélica e bíblica, é a atitude de alguém que tem um coração aberto ao amor, ao respeito do outro e sabe também das suas limitações, mas nem por isso fica preso nelas, busca no Senhor forças e coragem para supera-las, que esse Santo de Deus contemporâneo do nosso Santo fundador São Pedro Julião Eymard.

Inclusive temos relatos de vários encontros de São Pedro Julião com Cura d’Ars, que este homem interceda para que os nossos sacerdotes, sejam cada vez mais homens capacitados, não só para uma boa oratória, para o exercício de uma boa intelectualidade mas para que sejam bons pastores, onde eles estiverem neste mundo, seja nas dificuldades, seja nas alegrias, que possam ser verdadeiros instrumentos de Deus.

Não é o sacerdote, é o verdadeiro sacerdote Jesus que atua em cada sacerdote ministerial para poder conduzir a comunidade ao caminho da perfeição, da salvação da solidariedade, da comunhão em família. Rezemos hoje pelos nossos sacerdotes, nossos pastores, para que sejam fiéis ao Senhor, para que sejam homens comprometidos com a causa do Evangelho não com causas particulares, ideológicas, que sejam homens comprometidos com a verdade e não com compromissos escusos de ideologias, mas que seja acima de tudo fiéis a Deus.

Queremos também hoje, no evangelho acompanhar a Palavra de Deus, quando o Senhor Jesus está sempre nos conduzindo às correções necessárias da nossa vida. Jesus não estava preso simplesmente a uma lei morta, uma lei que oprimia e que afastava as pessoas do convívio sano, do convívio sagrado, com aquele que pode nos dar toda a bênção, o nosso Deus.

A tradição Judaica nesse momento havia criado a chamada Lei do Shabat, uma lei que dizia, um conjunto de leis, que o sábado devia ser bem observado e que o sábado não poderia ser trabalhado e que as pessoas deveriam estar o dia inteiro rezando. Jesus por muitas vezes vai criticar esta lei, porque ele sabia da demagogia dos Fariseus e dos Doutores da Lei, porque quando, por exemplo, um jumento, um cavalo deles, caia num buraco, num instante eles sabiam parar de rezar e correr e tirar o cavalo, o jumento do buraco para não terem prejuízos financeiros, mas se fosse uma outra pessoa eles não permitiam, ate condenavam, julgavam, condenavam, se por acaso alguém saísse do sábado, da observância da oração.

Entre tantas leis, existe essa, ao chegar em casa, fazer a oblação, a purificação das mãos, dos pés, do rosto, para que possa então, se alimentar. Jesus é duramente criticado pelos Fariseus, por quê? Porque simplesmente, Ele não foi aquele que obedeceu a este regime de lavar as mãos, antes de comer o pão.

Aí Jesus aproveita e catequiza a multidão dizendo, diante dos fariseus: O que torna impuro não é o que tá vindo de fora para dentro, mas aquilo que já está plantado dentro do teu coração, como semente do mal, o adultério, a inveja, o desejo de ser desonesto, roubar o outro, a mentira, o julgamento falso, a condenação, e tantas e tantas outras maldades que está aqui, dentro de si, dentro do teu coração, dentro da tua mente.

Esse é o ato que nos torna impuro diante de Deus, é aquela velha história, muitas vezes fala de boca para fora, mas dentro o coração tá cheio. E assim nosso Senhor está nos corrigindo hoje, muitas vezes a gente é muito ágil para reclamar e criticar o outro, mas dentro de si, dentro do nosso coração da nossa mente, será que não está plantado, muitas vezes essas sementes do erro, da maldade?

É o interior que precisa ser purificado antes do exterior, antes da carcaça, antes da vitrine, se nós não limpamos, não purificamos o nosso interior, a imagem de nada vale, é mentirosa, a imagem a carcaça, o que nós muitas vezes vemos, nem sempre revela o interior da pessoa.

Quando um homem e uma mulher se casam, hoje principalmente, muitas vezes ao passar do tempo ficam até maravilhados com o externo, com a parte externa do outro, da outra, encantado, apaixonado, ao passar do tempo, o tempo vai revelando quem é esta pessoa e o seu interior vai sendo revelado juntamente, o que ela pensa, o que ela sente, como que ela acorda todos os dias, como que ela reage diante do mundo, diante dessa pessoa que a ama, se ela é uma pessoa difícil, se é uma pessoa mais fácil, se é uma pessoa coerente. se é uma pessoa incoerente, é o tempo que vai dizendo, o que é essa pessoa internamente e muitas relações chegam ao fim, justamente porque o tempo revela o interior desta pessoa, e que muitas vezes não é tão bonito, não é belo e nem é bom se ver, a pessoa se revela no seu interior como uma pessoa de atitudes mesquinhas, egoístas gananciosas, muitas vezes totalmente ambivalente.

Hoje a liturgia nos convida a rezarmos e pedir ao Senhor:

Senhor não nos deixe ser como os Fariseus, cegos, guiando cegos, que o meu interior seja purificado de toda semente do mal, do erro. Ajuda-me Senhor, a ser melhor, começando do meu interior, do meu coração, da minha mente e da minha alma, para que o meu externo, a minha vitrine , aquilo que os outros vêm, visivelmente na minha vida, revele realmente o que eu sou por dentro.

Padre Jackson Frota, sss

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